sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Design em nosso tempo - Subjetividade e Emoção

Ettore Sottsass vai além em relação ao design em si, não apenas na questão da iluminação, demonstra que a peça pode ultrapassar o seu uso habitual, pode oferecer valores subjetivos e objetivos para transcender o objeto. “Você quer sentar, ou você quer um trono?”[1] dizia, e vai além:

"Fazer design, para mim, não é dar forma a um produto, um produto mais ou menos estúpido para uma indústria mais ou menos luxuosa. Para mim, o design é um modo de questionar a vida, as relações sociais, a política, a culinária e inclusive o próprio design."
[2]

O design da luminária, como a luz, é quase que puramente emocional, com ela pode-se transcender o real, o objeto, a matéria e transportar a mente humana para um estado de equilíbrio ou desequilíbrio, de agitação ou de calma. Ingo Maurer diz que “Cientificamente, pode-se dizer que a luz é material. Mas eu rejeito essa idéia. Para mim, ela é imaterial” e Philippe Starck enriquece o conceito dizendo que a luz “Está relacionada à desmaterialização, isto é, a menos matéria e a mais conteúdo humano”.


Pode-se com a luminária e a luz estimular a mente humana a transcender o objeto? Os irmão Hunberto e Fernando Campana diziam que “desenhar uma luminária significa trabalhar com a espiritualidade”. O espírito é livre, pensa e imagina sem regras perante o belo como dizia Kant, mas até que ponto o design e o belo se misturam? Há quem diga que o design é a arte funcional. E diferente das obras de arte é mais presente na vida das pessoas, não seria o meio mais eficaz de satisfazer tal necessidade humana? O homem precisa de liberdade para eliminar o stress e o belo oferece essa ferramenta, como na luminária e espelho de Ettore Sottsass chamada Ultrafragola[3], que dizia ele no depoimento a Françoise Darmon:

Desenhei luminárias para as mulheres e trabalhei o tema do espelho. Trata-se de um objeto muito interessante, pois as mulheres costumam se mirar constantemente. Elas precisam se olhar antes de sair, quando retornam, quando vão se deitar... E ficam felizes quando a luz é rosada. Essa é a razão pela qual desenhei uma luminária cujo nome é Ultrafragola, um grande espelho rodeado por ondulações que lembram os cabelos da mulher e que proporcionam uma luz rosada...
[4]


O design tem a capacidade de mudar o humor da pessoa, na metade de um segundo esboça-se um sorriso. É o tempo do indivíduo assimilar a informação, da qual pode conter uma combinação subjetiva que lhe causará tal sentimento. Ingo Maurer comenta que se uma pessoa estivesse triste andando por uma galeria e olhasse para uma de suas luminárias e sorrisse, seu objetivo estaria alcançado.

Há uma infinidade de possibilidades na iluminação, desde a projeção pura até a forte presença da luminária, o homem precisa de luz mas ao mesmo tempo precisa controlar algo táctil, a luz por si só emociona, a luminária é a ferramenta. Pode-se concluir, despretensiosamente para este projeto, que:

Como o nosso corpo, belo, pesado e denso, a luminária se projeta, e como a nossa alma, livre de qualquer lei, a luz se manifesta. Ingo Maurer dizia, “A melhor luminária são as pessoas de bom coração”. Essa analogia ilustra a forte sinergia entre luz e luminária que, caminhando juntas, criam algo belo e luminoso para o ser humano.

[1]FAAP, Iluminar; 2004; P.55
[2] Ibidem
[3] Em italiano “frangola”significa “morango”.
[4] FAAP, Iluminar; 2004; P.147








Ingo Maurer desenvolve a primeira luminária de Oled

Para quem não sabe desta novidade, Oled é a tecnologia que substituirá todas as fontes luminosas das quais conhecemos. Trata-se de uma superfície luminosa e flexível extremamente econômica. Organic Light-Emitting Diode é o nome completo, e Ingo Maurer em parceria com a Osram desenvolveu uma luminária com produção limitada, então quem quiser uma melhor correr, mas creio que umas milhares de dólares serão suficiente para adquirir esta novidade. Quem quiser conferir esta novidade entre no site do camarada Maurer (http://www.ingo-maurer.com/).

Por enquanto aqui no Brasil vamos nos adaptando ao led, que daqui a pouco, para o bem da natureza, será o substituto das lâmpadas incandescentes gastonas e as fluorescentes que tem metal pesado...